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Governo federal tenta comprar fazenda para socorrer amigo de Temer

O Incra formalizou, como acertado com os manifestantes, que pretende comprar a fazenda Santo Antônio.
O Incra formalizou, como acertado com os manifestantes, que pretende comprar a fazenda Santo Antônio. (MST/Divulgação)
Por Daniel Haidar
Uma semana depois da explosão da delação da JBS que colocou contra as cordas o Governo Michel Temer, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) começou uma negociação inédita em São Paulo em socorro ao coronel reformado João Baptista Lima Filho, velho amigo de Temer e apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como o mais antigo operador de propinas do presidente. Desde junho, a autarquia tenta comprar uma fazenda para atender a sem-terras que acossavam o coronel Lima. Entre tantas demandas semelhantes e frustradas pelo país, o trunfo do grupo de manifestantes paulista foi lançar mão de um mecanismo de pressão que se mostraria eficiente: com o objetivo declarado de chamar atenção de Temer, eles invadiram uma propriedade do amigo do presidente em Duartina, a 380 km de São Paulo, e anunciaram que só deixariam o local com um acordo para aquisição de uma área para a reforma agrária em Bauru. Conseguiram, numa operação que, na visão de um procurador da República, contém indícios de tráfico de influência e improbidade administrativa.
A vitória que a União Nacional Camponesa (UNC) arrancou do Incra parecia mais que improvável antes do dia 22 de maio, quando cerca de 200 manifestantes invadiram a fazenda Esmeralda, de propriedade de Lima “com a finalidade de pressionar o senhor presidente da República, Michel Temer, que é amigo pessoal da vítima João Baptista Lima Filho”, conforme registram os policiais em boletim de ocorrência obtido pelo EL PAÍS que é parte do inquérito sobre o caso que tramita na vara única de Duartina.
Assim que chegaram à fazenda, os manifestantes informaram aos funcionários que só deixariam a área se Temer usasse o Incra para comprar a fazenda Santo Antônio, em Bauru, para reforma agrária. Não era um pedido fácil, porque a propriedade faz parte dos bens do grupo Mondelli, disputados em processo de recuperação judicial por credores. Enquanto a negociação com o Governo Temer corria, dois grupos se dividiram pela fazenda, queimaram pneus e controlaram a circulação dos funcionários.