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Brasil tem falta de engenheiros

A construção civil é o carro-chefe da formação bruta de capital fixo,  indicador de investimentos no país.
A construção civil é o carro-chefe da formação bruta de capital fixo, indicador de investimentos no país. (Divulgação)
Brasília - O Congresso deverá apreciar um Projeto de Lei do Governo Federal para destravar o  mercado de construção civil —imobiliário e de infraestrutura— para  estrangeiros. A proposta será enviada nas próximas semanas para o  presidente Michel Temer antes de seguir para o Congresso e vai modificar  a regulação do setor.
Órgãos competentes terão de emitir o registro para profissionais engenheiros  estrangeiros atuarem no Brasil em, no máximo, três meses. Hoje, para  trabalharem no país, eles precisam ter registro emitido pelo CREA, o  Conselho Regional de Engenharia.
Esse processo costuma levar um ano, mas pode durar até mais, a ponto de inviabilizar a atividade no país.
A nova legislação determinará a emissão automática do registro de engenheiros estrangeiros caso o  prazo não seja cumprido quando as empreiteiras vencerem licitações  públicas, por exemplo.
Essa foi a principal reclamação de grupos franceses, canadenses e  americanos que procuraram o governo com interesse em entrar no país.
Pessoas que participaram da elaboração do projeto afirmam que a medida  foi negociada com o CONFEA, Conselho Federal com representantes de engenheiros e agrônomos de todo o país. Mesmo assim, preveem  resistências.
Dois motivos levam o governo a encampar o projeto. A Operação Lava Jato  comprometeu a saúde financeira das grandes empreiteiras brasileiras, que  hoje estão com restrições financeiras e correndo o risco de ficarem  proibidas de contratar com o poder público à medida que os casos sejam  julgados pela Justiça ou por tribunais de controle, como o TCU. O segundo motivo diz respeito à diminuição de formados em Engenharia Civil, fenômeno causado pela recessão.
Somente Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa podem ter de pagar R$ 40  bilhões cada uma em reparações por terem participado de cartéis que  fraudaram licitações e levaram a sobrepreços em contratos com a  Petrobras.
Na avaliação do governo, com a retomada da atividade econômica, as  empresas de menor porte não conseguirão dar conta de todos os projetos.  Muitas têm dificuldades para conseguir crédito e levantar garantias para  levar os empreendimentos adiante.
A medida também tenta reverter a queda dos investimentos que, em 2016, chegaram ao patamar mais baixo desde 1996: 16% do PIB.
A média aceitável para países em desenvolvimento é de 25% do PIB, na  avaliação de bancos de investimento. Abaixo disso, os investidores  consideram haver poucas condições para a expansão da economia e, por  consequência, dos ganhos que podem obter aplicando em projetos no  Brasil.
Para o Reitor da EMGE - Escola de Engenharia, o mercado já tem dado sinais suficientes de aquecimento com retomada da construção civil. E isto está repercutindo na demanda por Cursos de Graduação em Engenharia.
CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil é o carro-chefe da formação bruta de capital fixo,  indicador de investimentos no país. No segundo trimestre, a fatia do  setor na formação bruta de capital continuou caindo.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a retração  deste indicador foi de 6,8% no acumulado deste ano até junho.
Isso vem acontecendo diante da queda de importação de máquinas e  equipamentos, sem demanda para empreendimentos imobiliários e de  infraestrutura.