O milho nas cervejas brasileiras
Uma das bebidas mais “proclamada”
pelos brasileiros, é a cerveja, que é feita de cevada maltada, na
verdade é quase uma bebida alcoólica de milho. Sim, é isso mesmo. Uma
pesquisa da USP e da Unicamp mostra que cervejas brasileira possuem 45%
de milho em sua composição, percentual máximo permitido pelo Governo. E
para piorar, eles querem que o governo aprove um percentual de 50%.
Ou seja eles querem que uma cerveja
possa ter em sua composição até 50% de milho ou arroz, que são bem mais
baratos que a cevada.
Muitas cervejarias artesanais no mundo
todo ainda seguem à risca uma tradição alemã, baseada na Reinheitsgebot,
que é a Lei da Pureza da Cerveja, instituída na Baviera, região sul da
Alemanha, em 1516 e expandida para toda a Alemanha em 1906, a qual
determinava que a cerveja deveria conter apenas água pura, malte e
lúpulo.
Porém, em outras escolas de cerveja, tal
qual a belga, existe uma liberdade criativa maior em relação aos
ingredientes para a produção de certos estilos de cerveja, o que
extrapola a lei da pureza, onde uma infinidade de combinações de
ingredientes podem ser encontrada nas inúmeras cervejas produzidas por
lá, o que faz com que tal escola não siga a Reinheitsgebot e ainda assim
seja digna de digna de ilustres elogios dos paladares mais apurados e
exigentes.
Vale lembrar que mesmo as cervejas de trigo, do estilo Weiss (e outras da escola alemã),
seguem a Reinheitsgebot, uma vez que elas são produzidas a partir de
malte (que é o grão que começou a germinar e teve sua germinação
interrompida através de secagem), nesse caso malte de cevada, em sua
maioria, e malte de trigo, portanto elas se enquadram na tal lei.
Voltando ao Brasil, para aqueles que
tiverem curiosidade em saber quais cervejas levam outros ingredientes
que não sejam água, malte e lúpulo, basta conferir em seus rótulos, uma
vez que a legislação brasileira obriga as cervejarias a indicarem para o
consumidor quais são os ingredientes presentes na bebida. Basta notar
que muitas cervejas como a Brahma, Skol, Antarctica (incluindo a
Antarctica Original), Kaiser, Bohemia e muitas outras levam em sua
composição pelo menos água, malte de cevada, cereais não maltados (que
pode ser o milho e também o arroz, que é muito comum nas grandes
cervejarias industriais dos EUA) e lúpulo, sendo que muitas ainda levam
“carboidratos”, além de antioxidantes e estabilizantes. Esses
carboidratos e cereais não maltados são conhecidos como adjuntos
cervejeiros e quando adicionados a uma cerveja como as citadas acima,
fazem com que elas se enquadrem no estilo “Standard American Lager” e
não no estilo “Pilsen”, como se costuma pensar por aqui.
São inúmeros os estilos de cerveja e que
cada pessoa sempre vai ter os seus estilos favoritos e que também
existem cervejas para todas as ocasiões, daí podemos entender o porquê
de muitos brasileiros optarem por consumir as American Standard Lager,
em detrimento de muitas outras cervejas mais encorpadas, como a Pilsen
verdadeira (que não é dos estilos mais encorpados, mas ainda é mais
encorpada do que as “pilsen feitas de milho”), o que pode ser
justificado pelo nosso clima tropical, mais quente e propício a se beber
algo mais “leve”.