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Desembargador do TRT de Goiás ameaça deixar audiência por causa da roupa...

A defensora teve que pedir terninho emprestado e se disse 'humilhada'
O desembargador Eugênio Cesário, do Tribunal Regional do Trabalho da 18º Região, em Goiás, interrompeu um julgamento para exigir que uma advogada que participava da sessão colocasse uma roupa mais "adequada". Ele ameaçou deixar a audiência se Pâmela Helena de Oliveira Amaral não trocasse de roupa - ela usava um vestido. A sessão foi na quinta-feira (17), em Goiânia.
(Foto: Arquivo Pessoal)
“Temos um decoro forense a cumprir. A atividade do advogado requer esse tipo de decoro também. A senhora tem que estar à altura na forma, na aparência do exercício dessa atividade, certo? Fórum é feito de simbologia. Olha aquelas bandeiras de simbologia, olha nossas togas e olha o que a senhora vai vestir aí e a senhora vem fazer uma sustentação de camiseta, doutora?”, questiona o desembargador.
A advogada pegou um terninho emprestado de uma colega, mas afirmou ter se sentido humilhada e disse que vai representar contra o juiz junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Foi humilhante, vergonhoso e constrangedor o que ele me fez passar na frente dos meus colegas. A sala estava cheia de estudantes e advogados", disse Pâmela a Uol. 
A OAB de Goiás divulgou uma nota de repúdio horas depois da sessão afirmando que a atitude do magistrado foi preconceituosa. “A Comissão da Mulher Advogada, da OAB, tomaram conhecimento, pelas mídias sociais, onde circulam vídeo e relatos de presentes aos fatos, que uma advogada foi severamente agravada por um magistrado em razão da vestimenta que usava, e também impedida de subir à Tribuna, para cumprir seu dever profissional”, diz o texto. Já o TRT afirmou se tratar de um "incidente isolado".
O desembargador também se manifestou por conta da repercussão. "Deveria este julgador ter se omitido, ter sido avestruz, ter oferecido essa pequena cota de contribuição para a esculhambação geral em que está se transformando o estado brasileiro, tudo em nome do populismo barato e irresponsável? Era para ter deixado a doutora participar do julgamento de camiseta?", diz a nota. "Em todo o incidente, tratei a nobre advogada com urbanidade. Interrompi o ato, a doutora se paramentou e o seu processo foi julgado. Nunca fui omisso, ainda que para ser agradável ou sair bonitinho na foto".