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Barroso liga para delegado que investiga Temer

Em pleno domingo, o delegado Cleyber Malta Lopes, responsável por inquérito que envolve Michel Temer, recebeu um telefonema do ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. Conversaram sobre o sigilo das investigações sobre corrupção no setor de portos. Barroso mandou anexar ao processo um despcho sobre a conversa. Coisa curta. Tem apenas um parágrafo.
Eis o que escreveu o ministro: “Neste domingo, dia 25.02.2018, entrei em contato com o dr. Cleyber Malta Lopes, delegado encarregado do Inquérito no 4621. Após me relatar algumas pendências, assegurou-me S. Sa. que nenhuma informação relativa a aspectos sigilosos do inquérito foi por ele divulgada a quem quer que seja e que conduz a apuração com toda a diligência e discrição que o caso impõe. Para registro, deixo este fato consignado nos autos. Publique-se.”
O telefonema ocorreu num instante em que começam a transbordar para o noticiário aspectos que deveriam permanecer represados nas folhas do processo. Ficou-se sabendo, por exemplo, que há diligências sigilosas pendentes de execução. Soube-se também que está em curso a quebra de sigilos telefônicos e bancários de investigados.
Barroso decerto quis certificar-se de que não há digitais do delegado em nenhum vazamento. A julgar pelo teor do despacho, o ministro convenceu-se da isenção do delegado. Do contrário, teria tomado outras providências além de determinar a inclusão nos autos do processo do registro de sua conversa com o delegado.
Há cinco dias, Cleyber pediu a Barroso autorização para prorrogar as investigações por 60 dias. Entre as pendências do processo está a oitiva do coronel aposentado da PM paulista João Batista Lima, uma espécie de faz-tudo de Temer, acusado de receber propinas em nome do presidente. Intimado desde o ano passado, o coronel vem alegando problemas de saúde para se esquivar do depoimento.
Como de praxe, Barroso requisitou manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre o pedido de prorrogação feito pelo delegado. Mas a procuradora-geral Raquel Dodge ainda não se dignou a responder. Deve fazê-lo no início desta semana. O normal seria a concessão do prazo. Contudo, conforme já comentado aqui, coisas estranhas sucedem ao redor do inquérito. Melhor aguardar.
O relator no Supremo faz bem ao tentar conduzir o caso com rédea curta. Dias atrás, intimou o delgado-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, para prestar esclarecimento sobre entrevista na qual previu o arquivamento do inquérito por falta de provas. Segovia viu-se compelido a dizer que fora mal interpretado. E teve de assumir o compromisso de manter os lábios fechados.