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Mãe e olheira do tráfico avisa a filho sobre grupo rival; leia conversa

 



A operação “Futebol Clandestino”, desencadeada na última quinta-feira (24), pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, teve acesso a centenas de ligações interceptadas pelos investigadores com autorização judicial em como Barra Mansa e Volta Redonda. Nos diálogos dos criminosos, que atuam no tráfico de drogas em áreas do Sul Fluminense, foi possível confirmar o perfil agressivo dos traficantes e a participação de mães, como olheiras do bando. 

De acordo com o jornal O Globo, em dos grampos das conversas dos traficantes mostrou uma mãe chamando atenção do filho criminoso em Barra Mansa. Confira abaixo. 

Investigado: Oi

Mãe: Tá aonde? fica dormindo demais aí, fica.

Investigado: Quê?

Mãe: Fica dormindo demais. Os garotos quase invadindo aí e vocês dormindo.

Investigado: Ah, acha que eu não tô ligado não?

Mãe: Do jeito que vocês estão tomando conta da boca? debaixo da cama.

Investigado: Os canas tão passando, a (…) falou.

Mãe: Ah, os canas. Se fosse os canas tava bom. Os canas…

Investigado: O que a (…) falou aí?

Mãe: Os garotos aí que estava aí tudo na rua em cima tudo de tocaia.
Investigado: Tocaia?

Em outros aparelhos, que foram interceptados, a relação da família com o tráfico também foi apontada. Na cidade de Volta Redonda, trocas de mensagem e ligações comprovaram que uma dessas mulheres, alvo da operação de quarta-feira, Andréa Dias Pereira, também tinha ligações com a gerência da quadrilha e avisava ao filho sobre a presença de policiais.

Contudo, em outras, a polícia identificou a preocupação dos familiares com o envolvimento no mundo crime após ter tido a casa invadida por traficantes. Confira. 

Avó: Meu filho veio dois caras aqui que vai te pegar, falou que vai te pegar e acabar com você meu filho

Investigado: Fica tranquila vó, é o (…), vó

Avó: Mas tem mais dois junto com ele (…) Diz ele que vai vim aqui e vai acabar com você

Investigado: Pode ficar tranquila

Avó: Meu filho não posso ficar tranquila não. Você é meu filho, gente. O que que aconteceu , fala.

O investigado, então, conta que para a avó que estava com a namorada, no momento em que apontou para um traficante, o que teria causado sua ira. O diálogo continua:

Avó: Não sai pra fora não, meu filho.

Investigado: Pode ficar tranquila, vó.

Avó: Diz ele que você é bandido, “vamos ver só o bandido que é”.
Investigado: Vó, to conversando com o dono do Jardim

Avó: Que jardim?
Investigado: Do Jardim Belmonte. Ele falou que se alguém encostar ele vai tomar as providências dele.

Avó: Pois é, meu filho, mas não sai na rua não.
Investigado: Eu vou sair na rua, sim, vou continuar saindo normal (…) Para de chorar vó, você vai passar mal aí.

Avó: Eu tô passando mal já.
Investigado: Tá bom, vó, já falei que tá bom, vó, para, você me liga chorando você me deixa nervoso.

Avó: Não, eu ligo chorando porque meu filho, você é meu filho duas vezes, você sabe disso, eu to chorando porque o cara fala…

Investigado: Vó, ninguém vai me encostar a mão não, vó. Ninguém vai me encostar a mão. Eu luto pelo (nome da facção), vó, eu dou tiro em polícia, eu dou tiro em quem for, vó, quem que é v* para me encostar a mão, se me encostar a mão eu vou meter bala nele, vó, e acabou.

Avó: É, (nome do investigado), para!

Investigado: Não, que para com isso o quê, vó, você já me ligou, já me estressou, já quer ficar me ligando chorando… tchau, vó.

A ação, que teve 37 mandados de prisão cumpridos na quinta-feira, iniciou em dos vários grupos de WhatsApp com centenas de traficantes grampeados durante meses de investigação. A operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) e da 90ª DP (Barra Mansa) visava cumprir 87 mandados de prisão, sendo 20 contra mulheres, e 112 de busca e apreensão.

A operação 

A investigação, que iniciou em Barra Mansa, foi levada a várias cidades do Sul Fluminense e em Angra dos Reis em razão de uma organização criminosa que atuava nesses locais. Durante a operação, os agentes constataram a violência dos criminosos, que mandava mantar pessoas que estavam devendo ao tráfico, traficante rivais e policiais que atuavam nas regiões.