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Filiação de Bolsonaro ao PP pode tornar Leão opção concreta ao governo da Bahia

 



Com o Centrão confirmado pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando do governo do país, na figura do senador Ciro Nogueira (PI) ocupando a importantíssima Casa Civil, e a possibilidade, ainda mais forte, de o primeiro mandatário se filiar à sigla nos próximos meses, não é exagero dizer que uma figura vai ganhar saliência na Bahia. Trata-se do vice-governador João Leão, cujo nome já passou a circular ontem no partido como eventual candidato ao governo do Estado em 2022, no caso, como se prevê no PP, de Bolsonaro realmente se filiar e ganhar “um respiro” em meio à onda de más notícias que cercam seu governo.

Para deputados progressistas, o presidente da República não teria dificuldades de abraçar a candidatura de Leão ao governo. Pelo contrário, uma vez no PP, tendo ao lado gente como Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e Flávia Arruda (PL-DF), que ambos fizeram sua secretária de Governo, o capitão reformado estaria a meio caminho andado para escolher Leão como opção para assumir seu palanque no Estado na sucessão presidencial. O vice, além de se tornar um correligionário, cumpriria o papel de abrir um buraco no casco do grupo ao qual hoje é ligado, liderado pelo governador petista Rui Costa e o senador Jaques Wagner, nome do PT ao governo.

Para completar, teria uma musculatura, uma história e uma estrutura partidária com a qual seu ministro da Cidadania, João Roma, cotado até agora para assumir a candidatura e ciceronear Bolsonaro na campanha presidencial no Estado, não teria condições de competir. Não que o presidente da República pense em desprezar Roma, cujo prestígio cresce no seu círculo mais próximo, inclusive, pela disputa que praticamente assumiu com o ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, em relação a quem, devido à postura independente, Bolsonaro e a família passaram a nutrir cada vez maior antipatia.

Uma alternativa que passou a circular ontem mesmo em decorrência da escolha de Nogueira para a Casa Civil, no caso de o PP passar a exercer a influência que já possui no governo federal na Bahia, seria acomodar o ministro da Cidadania na chapa eventualmente liderada por Leão na condição de candidato a senador, aproveitando as sinalizações dadas pelo próprio Roma de que concorrer ao Senado seria a única hipótese para desistir da disputa ao governo, para a qual passou a se preparar desde que as dificuldades para reatar com Neto foram se tornando praticamente intransponíveis.

Leão conta com um operador de ponta ao lado do futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, assim como do presidente da Câmara dos Deputados. Seu filho, Cacá, é um deputado federal com acesso privilegiado às instâncias superiores da legenda e do governo que, inclusive, tomou parte nas articulações que resultaram na entrega coração do governo ao próprio partido, reputado como dos representantes mais vorazes do Centrão. Mais do que isso, tem estado alinhadíssimo com a tese do pai de que é chegada a hora de o PT ceder a cabeça de chapa a parceiros até aqui leais como eles. Pelo visto, pelo bem ou pelo mal.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.