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Homem com S, de silicone

O comerciante de automóveis paulista Edson Camilo, de 34 anos, sempre foi magro. Na adolescência, começou a fazer musculação. Por mais que treinasse, não inchava. Chegou à vida adulta insatisfeito com seu tipo físico. Queria mais massa muscular – mas o corpo não ajudava. Há quatro anos, leu na internet sobre próteses de silicone para homens. Resolveu realizar seu sonho de ter aquilo que chama de “corpo perfeito”. Começou pelo peito: 300 mililitros. Ficou tão satisfeito que, no ano seguinte, colocou próteses também nas coxas e panturrilhas. Depois, para equilibrar, implantou silicone nos glúteos. Ao todo, Camilo tem quase 2 litros de silicone no corpo. Gastou cerca de R$ 60 mil com as cirurgias. Não se arrepende. “Meu bem-estar paga tudo isso. Sou outro homem, mais seguro e feliz”, afirma.
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O caso de Camilo é extremo. Mas ele não está sozinho. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os homens aderiram ao silicone. Em 2009, o silicone em homens representava 1% do total de implantes. Já são quase 10%. Segundo dados da Silimed, maior fabricante da área na América Latina, só a venda de próteses peitorais aumentou 26% nos últimos três anos. Nos Estados Unidos, o aumento das próteses no peito de homens foi de 43% na última década. Nádegas, 47%. De acordo com uma pesquisa da Associação Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps), em 2011 os procedimentos estéticos em homens já representavam 35% do total. Dois anos antes, eram 25%. Para este ano, a expectativa é que passem de 40%. A principal motivação dos homens é o rejuvenescimento, daí a grande procura pela retirada da bolsa dos olhos e das papadas, além da lipoaspiração na barriga.
Corpo de plástico (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
O presidente da SBCP, José Horácio Aboudib, diz que o homem brasileiro tem sido precursor nessa queda de tabu. “No começo, a procura maior era de homossexuais e jovens. Hoje, heterossexuais de todas as faixas etárias têm procurado os consultórios para implantar próteses”, afirma. O preconceito ainda existe. Ou pelo menos os homens acreditam que sim. “Tudo é feito de forma muito discreta. Eles não contam para quase ninguém da família ou amigos. Algumas mulheres dão força. Outras são contra”, afirma Bárbara Machado, chefe da equipe médica da Clínica Ivo Pitanguy.
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O procedimento de implante é bem mais complicado do que o resultado sugere. A duração da cirurgia varia de uma a duas horas. Na maioria dos casos, requer anestesia geral. Se tudo correr bem, o tempo de internação é de um dia. O local fica dolorido por muito mais tempo. Depois de uma semana, é possível voltar ao trabalho, em ritmo lento, desde que ele não demande esforço físico. No caso de implante de peito ou bíceps, não se pode pegar peso com os braços. Em 15 dias, os pontos são retirados. A malhação tem de esperar. O paciente normalmente só está liberado para atividades leves um mês depois. Musculação pesada, só dentro de 60 a 90 dias. Outra coisa importante é evitar o sol por pelo menos 40 dias, nas áreas onde houve o implante. Quem já fez isso tudo diz que não é fácil.