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Cúpula Mundial faz apelo por tratamento para 52 milhões de crianças com hepatite

84% dos países oferecem vacinas contra a hepatite B, mas apenas 39% proporcionam a dose necessária para proteger os bebês de modo eficiente.
84% dos países oferecem vacinas contra a hepatite B, mas apenas 39% proporcionam a dose necessária para proteger os bebês de modo eficiente. (Divulgação)
Depois de três dias de discussões sobre estratégias globais contra a doença, a segunda Cúpula Mundial de Hepatite pediu nessa sexta-feira mais prevenção e tratamento para as 52 milhões de crianças que sofrem com a enfermidade, no último dia do evento em São Paulo.
"As crianças estão sofrendo uma grande carga de hepatite viral e as consequências para a saúde pública são enormes", alertou Raquel Peck, CEO da Aliança Mundial contra a Hepatite (WHA, na sigla em inglês) em um documento enviado à imprensa.
"A maioria dos bebês e crianças infectados não foram diagnosticados, priorizados ou tratados de forma efetiva", completou, a respeito da doença que mata 1,3 milhão de pessoas por ano.
A hepatite é uma inflamação do fígado causada por um vírus. Há cinco tipos, enquanto o B e o C sejam responsáveis por mais da metade de todos os novos casos de câncer de fígado, segundo dados da OMS.
Dos 325 milhões de casos confirmados no mundo, 52 milhões são menores de idade, uma quantidade muito superior a de crianças infectadas com o vírus da aids no planeta (2,1 milhões), de acordo com os números divulgados na reunião.
Transmitida em muitos casos da mãe para o filho, a maioria das crianças sofrem com o tipo B, mas os especialistas alertam para o aumento dos diagnósticos infantis de hepatite C, para a qual não existe vacina e cujo avanço preocupa devido à falta de prevenção e programas de controle para mulheres portadoras e em idade reprodutiva.
Além disso, existe a dificuldade posterior para tratar os menores.
"Atualmente, quatro milhões de crianças estão vivendo com a hepatite C, que pode ser curada, e 48 milhões com a hepatite B, que tem uma vacina", afirmou Charles Gore, presidente da WHA.
De acordo com os dados divulgados durante o evento, 84% dos países oferecem vacinas contra a hepatite B, mas apenas 39% proporcionam a dose necessária no nascimento para proteger os bebês de modo eficiente.
"Já chega. Os governos e as organizações de saúde devem garantir que todas as crianças recebam a vacina contra a hepatite B e que recebam DAA (antivirais de ação direta) para a hepatite C, assim como que todas as mulheres grávidas sejam examinadas", pediu Gore.
Um esforço necessário, segundo os especialistas, se os países desejam cumprir o objetivo de erradicar o tipo C da doença até 2030. At´o momento, no entanto, apenas nove países avançam nas metas do compromisso assinado por 194 nações no ano passado.
Representantes de 80 governos e quase 200 especialistas e acadêmicos participaram da cúpula de três dias em São Paulo, convocada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a WHA. A primeira aconteceu em 2015 na Escócia.