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Globo tentou vender esta figura como herói do desabamento em SP. Há controvérsias



A Rede Globo por ter errado mais uma vez ao tentar promover uma das possíveis vítimas do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, na região central de São Paulo, ocorrido nas primeiras horas da madrugada de terça-feira, 1º de maio.

O homem que quase chegou a ser resgatado pelos bombeiros quando o prédio em chamas desabou foi identificado pelos moradores como Ricardo. Ele teria cerca de 30 anos e vivia na ocupação há quatro anos. Segundo reportagens da emissora, "Vizinhos contaram que, durante o incêndio, Ricardo já tinha saído do edifício, mas voltou para tentar ajudar os moradores dos andares mais altos, que estavam com dificuldade para sair".

A versão narrada pelos amigos de Ricardo e repassada reiteradas vezes pela Rede Globo pode não corresponder a realidade. Imagens de Ricardo ostentando malas repletas de dinheiro que passaram a circular nas Redes Rociais apontam para a possibilidade de Ricardo ter tido outro motivo para se aventurar a entrar num prédio em chamas.

Segundo a Rede Globo, Ricardo morava sozinho e trabalhava no Centro de São Paulo descarregando caminhões que transportavam produtos importados chineses e em  seu apartamento, tinha mais planta do que móveis". Ainda segundo depoimentos colhidos pelos profissionais da Globo, Ricardo "gostava de andar de patins e era conhecido como "Tatuagem" porque tinha várias imagens desenhadas pelo corpo. A mais famosa era o símbolo do super-herói Batman no pescoço. "As tatuagens não eram exageradas. Elas eram harmônicas", diz o autônomo Osires Palma Filho, de 36 anos, morador da ocupação".

Ao menos no mundo do crime, as tatuagens de palhaços que Ricardo ostentava no peito estão mais associadas a matadores de policiais. O herói da Globo, que aparece em várias imagens como bolsas repletas de dinheiro, é apontado nas Redes Sociais como um dos arrecadadores de taxas dos moradores do prédio invadido. Em São Paulo, há pelo menos 45 mil pessoas morando em invasões. Considerando que as taxas cobradas pelos controladores das invasões variam entre R$ 200,00 e R$ 500,00, é possível supor que se trata de um mercado milionário e bastante disputado pelo crime organizado. Na cobertura do Bom Dia Bras, o Jornalista Chico Pinheiro exaltou o ato heroico de Ricardo e afirmou que ele deve ser lembrado como grande exemplo de 'entrega'.

A Globo fica devendo ao seu público uma reportagem mais consistente sobre o personagem que tentou içar como herói de uma tragédia marcada pela exploração de miseráveis.