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Adolescente fica paraplégico após levar tiro em ação policial em Salvador

Foto: Arquivo pessoal

A família do garoto acusa os PMs de entrarem atirando na comunidade, sem que houvesse motivo. “No dia 8 foi o dia da Guerra de Fogos, que é uma tradição da Baixa do Manu. Ele foi baleado na madrugada. A polícia devia ter conhecimento disso, já que é uma festa que acontece há muitos anos”, revelou a advogada da família, Lorhaine Blanco.
Moradores comentaram que esse tipo de ação dos militares é rotineira. No dia do ocorrido, apontaram que nada de anormal acontecia na localidade. Não havia homens com armas ou drogas. Também não houve revide dos tiros. 
Homens armados
Já a PM aponta, em nota enviada ao CORREIO, que uma equipe foi acionada pela Central de Comunicações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia para atender a uma denúncia sobre dez homens armados na Rua da Legalidade, em Pernambués. Chegando lá, os policiais teriam sido informados de que o grupo fugiu em direção à Baixa do Manu, onde alegam que foram recebidos a tiros e revidaram o ataque. 
“Em seguida, ao realizar incursão a pé na localidade os policiais encontraram um adolescente de 16 anos alvejado e caído ao solo. A vítima foi imediatamente socorrida para o Hospital Roberto Santos”, diz um trecho da nota da PM, sem apontar se o garoto teria sido vítima de um disparo dos supostos criminosos ou dos próprios policiais. 
Paraplégico
A bala ficou alojada na coluna, e o garoto deu entrada no Hospital Geral Roberto Santos em estado grave. “Ele passou por cirurgia e não corre mais risco de morrer, mas o laudo médico aponta que ele ficou paraplégico e é irreversível”, conta a advogada da família.
O adolescente também perdeu o controle das funções urinárias e agora precisa usar fraldas o tempo todo. Uma sonda foi colocada nele para recolher a urina.  
“Ele não sabe que está paraplégico em definitivo. A gente está esperando a assistência social do hospital disponibilizar uma psicóloga para contar a ele”, relata Lorhaine. “Ele está muito abalado, só faz chorar e não está se alimentando direito. Ele tinha o sonho de ser jogador de futebol e no hospital fala muito nisso, que ele não vai poder mais jogar”, completa, acrescentando que o garoto estava matriculado em uma escolinha de futebol. 
Na esperança de que ele possa pelo menos ter certa independência, os médicos solicitaram a transferência do Roberto Santos para o hospital de reabilitação Sarah Kubitschek. O pedido ainda não foi atendido por falta de vagas, segundo a família. 
A mãe do garoto está desesperada. Além de ter que ver o filho jovem preso a uma cama, ela vai parar de trabalhar para tomar conta do adolescente. Chefe de família, ela tem outros três filhos e sustenta a casa sozinha com o salário de empregada doméstica. 
Denúncia
Na busca por Justiça, a mãe do garoto e duas testemunhas foram até a Corregedoria da Polícia Militar nessa quinta-feira (21) e denunciaram o caso. Um procedimento investigatório foi iniciado. Em nota ao CORREIO, a PM informou que “o comando da 1ª CIPM (Pernambués) vai instaurar uma sindicância para apurar as circunstâncias da ocorrência".
Na segunda-feira (25), a família vai ao Ministério Público para também fazer uma denúncia. “A sede da família é por Justiça”, disse a advogada. (Correio)