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Com juros altos e renda corroída, cartão de crédito é vilão ou aliado?

 

 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Com inflação crescente, alta na taxa básica de juros e dólar acima de R$ 5, a pressão no bolso do trabalhador está cada vez maior. Em julho deste ano, o número de brasileiros inadimplentes era de 62,2 milhões, com uma média de R$ 3,9 mil em dívidas por pessoa. A média de cada dívida é de R$ 1,1 mil. Forçada a rever seus hábitos de consumo, para evitar ficar inadimplente, a população se entrega ao cartão de crédito. Apesar de permitir o parcelamento de compras, o que possibilita compras grandes e pagamentos fora do planejamento, como quando ocorre um imprevisto, por exemplo, o meio de compra é um dos principais vilões quando o assunto é planejamento financeiro.À época do estudo Mapa da Inadimplência, produzido pelo Serasa, contudo, a taxa básica de juros (Selic) estava em 4,25% e não havia alta nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide em empréstimos, compras internacionais no cartão e quando ocorre o parcelamento de faturas, por exemplo. O cenário agora é outro, a inflação está nas alturas e não há sinal de trégua. Para contê-la, o Banco Central elevou a taxa Selic para 5,25% — e ela deverá subir mais. Com o encarecimento do custo de vida e o aumento do desemprego, a tendência é uma alta no endividamento.

O comerciante Marcelo Lopes, 47 anos, recorreu ao cartão de crédito. Ele explica que os gastos imprevistos são a principal causa do parcelamento de compras. “Fica difícil quando tem um vazamento em casa, ou algo do tipo. Sempre vem nas piores horas e, como muitas vezes, não tenho dinheiro para pagar o serviço à vista, eu acabo parcelando mesmo”, conta.

Lopes revela que, desde que a pandemia começou, as vendas de sua loja de roupas em Taguatinga caíram. Por isso, ele foi forçado a se organizar para conseguir chegar ao final do mês com o orçamento em dia, sem pendências. “O dinheiro tem que ser muito bem contado, porque se tiver imprevisto, a coisa aperta”, afirma.

No caso da advogada Tainá Neves, 36 anos, moradora de Brasília, a inflação tem sido a responsável pela opção por parcelar as compras no cartão de crédito. “Está tudo caro, né? Mercado, gás, luz, água. Antes, minha renda dava conta, agora, com essa crise, está ficando difícil”, explica.