Brasil registra quase 150 mil casos de picada de escorpião em um ano
Quase 150 mil acidentes com escorpiões foram registrados no país em 2020
REPRODUÇÃO/TWITTER/@JOHNURIBEPHOTOSCom o início do verão, é importante adotar medidas preventivas contra essa praga urbana. A estação, caracterizada por altas temperaturas e chuvas constantes, proporciona ao escorpião o ambiente perfeito para a proliferação e deslocamentos.
"O escorpião, assim como outros insetos, em temperaturas quentes tem o metabolismo acelerado. Eles saem dos esconderijos escuros e úmidos com as enchentes e buscam por frestas, fendas. São animais de hábitos noturnos. De dia é mais raro, mas podem se movimentar dependendo do grau de infestação", explica Maria Fernanda Zarzuela, bióloga e coordenadora de desenvolvimento de produtos da Bayer.
O também biólogo e analista em saúde da Divisão de Vigilância de Zoonoses da Covisa de São Paulo, Gladyston Carlos Vasconcelos Costa, complementa: "O verão é o período de maior atividade, de reprodução e maior oferta de alimentos. As chuvas fazem com que sejam desalojados das galerias pluviais e de esgoto e se movimentem. A espécie em maior concentração é o escorpião amarelo. Você só encontra fêmeas na natureza e ela não precisa do macho para reprodução."
O aumento do volume de água nas redes de esgoto faz com que o animal busque abrigos temporários. A proliferação vai depender das condições encontradas em terrenos e casas, como entulhos, lixo e mata.
Escorpião capturado e recolhido
REPRODUÇÃO / ARQUIVO PESSOALClaudia Aparecida dos Anjos, de 45 anos, é moradora de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, e foi picada por um escorpião há cerca de dois meses. Ela teve de parar de trabalhar por uma semana como cabeleireira porque não podia mexer a mão.
"Eu estava em casa, levantei e fui fazer o café. Ele estava debaixo do prato na pia da cozinha e me picou. Como já apareceu escorpião outras vezes em casa, logo já pensei que era. Pegamos o bicho e levamos pro posto de saúde. Me deram um bloqueador do veneno, para ele não subir porque foi bem na minha mão, mas não adiantou e tive que ir pro hospital", lembra.
Ela não precisou ser internada, mas teve de tomar injeções e medicamentos anti-inflamatórios: "Minha mão ficou muito inchada, eu não podia pôr a mão em nada, nem me trocar. Era uma dor louca, eu gritava, parecia que a mão repuxava sozinha. Foi uma semana de dor".
Claudia mora em uma casa de madeira, perto de um rio. Ela lembra que, quando estava grávida do filho, chegou a encontrar um escorpião em cima da barriga dela. Sempre que se depara com um deles, ela mata porque, em geral, são grandes.
Após a picada, ela adotou alguns cuidados. "Tenho que bater as roupas, olhar bem e colocar em locais claros. Tomo cuidado e confio em Deus. Mas tenho medo de qualquer bicho agora", revela.