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Cenário externo e pressão fiscal levam juros reais ao maior nível desde Dilma

 

Cenário externo e pressão fiscal levam juros reais ao maior nível desde Dilma
Foto: Alan Santos / PR

Os juros reais no país rondam patamares semelhantes aos do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016. O crédito caro e suas causas --forte pressão inflacionária provocada por desequilíbrios fiscais domésticos associados a perturbações no exterior-- revelam paralelos entre a crise atual e a que colaborou para o impeachment da petista.
 

O indicador, que pode ser um parâmetro para o consumidor avaliar o quão caro está o crédito, também revela o preço que investidores cobram para trazer dinheiro ao país.
 

Em setembro de 2015, durante o governo Dilma, a taxa de juros futuros, descontada a inflação esperada para os 12 meses à frente, atingiu o pico de 9,5% ao ano. Esse era o chamado juro real da economia daquele período.
 

Na época, a presidente lidava com um cenário desvalorização de matérias-primas exportadas pelo Brasil, disparada dos preços provocada pelo aumento de gastos públicos no seu primeiro mandato, e pressões políticas de opositores e de aliados que discordavam da sua estratégia de ajuste fiscal em meio à crise.
 

Hoje, esse indicador de juros reais está na casa dos 8,5%, segundo cálculos da Nova Futura Investimentos com base em dados do Banco Central.
 

Em alta pela quinta semana seguida, os juros DI (Depósitos Interbancários) para 2023 e 2024 já passam dos 13,8% ao ano. Esses contratos, negociados exclusivamente entre bancos, revelam a expectativa do mercado de crédito e servem de referência para financiamentos e empréstimos.
 

Juros altos freiam a economia ao desestimular o consumo e favorecer a poupança. Taxas como as cobradas diretamente do consumidor, que também vêm subindo, podem ser muito superiores aos indicadores de referência.
 

Taxas de financiamento de veículos, por exemplo, variam entre 13,5% e 55% ao ano, enquanto financiamentos imobiliários no mercado podem ter juro anual de até 17,99%, segundo pesquisa de junho do BC. O rotativo do cartão de crédito, na maioria das instituições, passa dos 300% ao ano.
 

Assim como no governo Dilma, o atual aumento no prêmio a investidores --e do custo a tomadores de crédito-- também tem componentes externos e desequilíbrios fiscais domésticos.