Rádio Web Ferraz

Últimas notícias

Justiça Federal na Bahia absolve delegado federal acusado de homicídio de caminhoneiro

 

Justiça Federal na Bahia absolve delegado federal acusado de homicídio de caminhoneiro
Caminhoneiro morto na Operação Carga Pesada | Foto: Henrique Mendes/G1 BA

O delegado da Polícia Federal Carlos Faria Júnior foi absolvido pela Justiça Federal na Bahia da acusação de homicídio de um caminhoneiro. A 2ª Vara Federal Criminal entendeu que o delegado não agiu com excesso doloso durante o exercício da legítima defesa ao vitimar Márcio Néris dos Santos. A sentença foi proferida pelo juiz federal Fábio Ramiro.
 

O caso teve origem na Operação Carga Pesada, em junho de 2015, que investigava roubos de cargas e de homicídio. O Comando de Operações Táticas da Polícia Federal foi convocado para atuar no caso e houve troca de tiros durante a ação policial. Márcio Neris foi morto com seis tiros. Ele estava no interior de sua residência, localizada no edifício onde era realizada a operação, que cumpria mandados de busca e apreensão, além de prisão preventiva contra dois vizinhos da vítima, pai e filho, que residiam no mesmo condomínio.

 

Após os depoimentos colhidos das testemunhas de acusação e de defesa e o interrogatório do réu, o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação, e a defesa pediram a absolvição do réu alegando que o acusado não incorreu em excesso durante sua legítima defesa, já que a vítima empunhava arma de fogo direcionada à equipe de policiais, então chefiada pelo delegado da Polícia Federal. 
 

O MPF somente denunciou o delegado por excesso de dolo no ato, afastado pelo magistrado. Na sentença, foi mencionado o episódio do “Tiroteio de Miami de 1986”, em que dois ladrões de banco, fortemente armados, mesmo alvejados por diversos tiros disparados pelos agentes do FBI, conseguiram matar e ferir alguns dos policiais presentes na operação. 

 

A partir desse caso, a polícia americana realizou mudanças relacionadas aos procedimentos operacionais e treinamentos de tiro. Dentre essas mudanças, destaca-se que, uma vez em combate, o policial deve atirar até a total incapacidade do agressor, independentemente do número de disparos. Esse protocolo passou a ser referência pelas forças policiais de todo o mundo, inclusive do Brasil, conforme se evidenciou na instrução criminal. 
 

Para o juiz, o acusado agiu em um cenário com expectativa de confronto, com pessoas perigosas, em uma operação de alto risco. Ele ainda salientou que a vítima, com arma em punho, desobedeceu a ordem do delegado para baixar a arma e se entregar. Fábio Ramiro ainda destacou que o delegado  atuou de acordo com a doutrina ensinada aos policiais do Grupo Tático, para cessar a ameaça de agressão.

 

Na época,  Viviane Bastos Souza Neris, contou que o marido estava de férias e em casa dormindo quando foi baleado pelos policiais. “Como vocês podem ver [apontou para cama que dividiam], o sangue está todo na cama. Não tem como ele ter reagido. Não precisa ser uma pessoa estudada para saber que o que eles fizeram foi errado. Não tem explicação”,  contou.