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Hepatite misteriosa em crianças continua sem resposta após meses

 

Hepatite misteriosa em crianças continua sem resposta após meses
Imagem ilustrativa | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Um artigo publicado na última terça (18) analisou as principais hipóteses que podem explicar um surto de hepatite misteriosa que atingiu crianças, principalmente no terceiro trimestre deste ano. Segundo os autores, mesmo com diferentes estudos, as evidências disponíveis continuam insuficientes para indicar a origem da complicação.
 

Hepatites são inflamações do fígado com variadas causas. Os vírus da hepatite A, B, C, D e E são exemplos de agentes causadores da complicação. Também é possível apresentar o problema de saúde devido ao consumo de substâncias tóxicas ao fígado, podendo acarretar até uma hepatite fulminante.
 

Em abril, casos de hepatites sem causa definida foram observados em crianças de diferentes países, inclusive no Brasil. Algumas delas precisaram fazer transplante de fígado em razão da falência do órgão.
 

A situação fez com que a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretasse um estado de alerta. Um relatório divulgado pela entidade em julho contabilizou 1.010 casos prováveis, incluindo 22 mortes.
 

Desde então, investigações são realizadas para entender a causa da complicação. Três agentes infecciosos foram considerados como as principais hipóteses: o Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid-19, adenovírus, tipo de patógeno comum em crianças, e o vírus adeno-associado 2, que depende de outro agente para se replicar no organismo infectado.
 

São dessas três possibilidades que o estudo recém-publicado trata. No levantamento, os pesquisadores analisaram 22 artigos previamente divulgados. No total, essas pesquisas contabilizaram 1.643 casos de hepatite pediátrica, sendo que 120 (7,3%) das crianças receberam transplante de fígado e 24 (1,5%) morreram.
 

Os adenovírus são uma das possíveis causas com número grande de evidências. Um exemplo é de um levantamento com 258 casos da hepatite documentados no Reino Unido. Destes, 170 (66%) tiveram resultados positivos para algum adenovírus.
 

Mesmo assim, as evidências não indicam de forma exata que o patógeno teria relação direta com a hepatite misteriosa. Os autores do artigo citam que já foi documentada a associação entre esse tipo de vírus e o aparecimento de complicações gástricas, mas, para as hepatites, o elo não é fundamentado o bastante.
 

Já a respeito do Sars-CoV-2, as evidências sobre a ligação do vírus com a hepatite misteriosa são mais rarefeitas. No último relatório da OMS, com 1.010 casos da hepatite, 78 apresentaram teste para Covid positivo, enquanto 209 tiveram teste positivo para adenovírus.
 

Ao mesmo tempo, os autores destacam que hepatites já foram documentadas em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2, ponto que poderia ratificar o vínculo entre o vírus e os casos de crianças com as complicações no fígado. Um desses exemplos é de um estudo que analisou 2.273 adultos com diagnóstico confirmado para Covid. Destes, 45% desenvolveram complicações leves no fígado e 6% apresentaram problemas mais sérios.