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Católicas e evangélicas reforçam luta pela legalização do aborto



 O tema “aborto’ voltou a ganhar repercussão e ser alvo de informações falsas durante o segundo turno das eleições presidenciais. Os dois candidatos, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se colocam “contra o aborto”, embora o segundo defenda que esta é uma questão de saúde pública, que deve ser debatida em sociedade. A pauta, amplificada pelo tom conservador de Bolsonaro, é uma forma de atrair votos de religiosos, em especial da comunidade evangélica, o que coloca o aborto como o grande vilão, ignorando as mortes de mulheres provocadas por procedimentos inseguros. No entanto, grupos organizados dentro das instituições religiosas, já defendem que a legalização do aborto não impede ou prejudica a vida cristã, e que o tema deve ser tratado no âmbito social e não religioso. 

Só entre os dias 1º e 24 de outubro, Jair Bolsonaro (PL) abortou o tema “aborto” 25 vezes em discursos, entrevistas, lives ou propaganda eleitoral. Já Jair Bolsonaro (PL) citou o assunto em 10 falas públicas. Os dados são do  Banco de Discursos, ferramenta de inteligência artificial de transcrições automáticas de declarações dadas pelos principais candidatos à Presidência da República na campanha de 2022, da agência de checagem Aos Fatos. Vivemos num país conservador. E é muito prejudicial quando um candidato tem que se manifestar dizendo que é contra o aborto para poder continuar na disputa. Porque essa visão vai contra absolutamente a realidade de quem vota, que são as mulheres. O aborto, sobretudo o inseguro, é uma realidade não só da mulher, mas das famílias brasileiras, adeptas à religião. Isso porque a maioria dos abortos clandestinos feitos hoje,são de mulheres que já tiveram filhos anteriormente”, explicou Maria José Rosado, co-fundadora da organização Católicas pelo Direito de Decidir. 

A organização foi criada em 1993, e também tem como objetivo lutar pela laicidade do Estado, que, para elas, deve ser livre da interferência religiosa na criação e condução das políticas públicas.“ Fazemos a defesa incondicional da laicidade do Estado. Para nós, deve  haver absoluta separação entre Estado e religião. O reconhecimento de que uma parte da população brasileira se refere a uma fé religiosa para definir os horizontes da sua vida, não significa que a religião deva invadir a política. O Estado, pela sua Constituição, respeita todas as religiões, mas não se pauta por nenhuma. Portanto é inconstitucional todo esse discurso, de que a nação é cristã e que o governo tem que seguir pautas cristãs. As pessoas são livres para escolher sua fé ou nenhuma fé, mas o Estado é laico. Defender isso é fundamental neste momento”, destaca.