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Detento denuncia agressões, precariedade e dificuldade em receber visitantes no presídio

Detento denuncia agressões, precariedade e dificuldade em receber visitantes no presídio
Foto: Alberto Maraux/SSP-BA

Uma carta de um detento pedindo por ajuda chegou ao Bahia 190 através da sua companheira, que vem denunciando, junto a ele, agressões dentro do Conjunto Penal de Brumado e uma dificuldade em realizar visitas e levar comida aos presidiários.

De acordo com a denunciante, que preferiu não ser identificada, o Conjunto Penal estabelece que as visitas sejam realizadas das 8h às 12h, horário considerado complicado para os familiares dos detentos.

“É injusto. Várias guerreiras moram longe e chegam mais tarde, entram no presídio e já é quase o horário de sair, estamos em busca de uma reunião ou algo que possa nos ajudar na melhoria para as visitas”, reclama a denunciante.

Ela ainda informa que o presídio não está aceitando a entrada de alimentos por parte dos visitantes, nem o kit higiene. “Falta produtos de higiene e até mesmo alimentos. Preso também tem família e nós estamos fortes para irmos atrás dos direitos deles. Eles estão presos, pagando pelos atos, não merecemos isso que está acontecendo”, afirma.

Agressões

Muito além da falta de kits higiene, falta de alimentação e dificuldade para receberem visitas, os detentos estão denunciando maus-tratos na unidade.

Em carta feita pelo detento, que não iremos identificar, ele relata que um supervisor do presídio agrediu um detento duas vezes, sendo que na segunda agressão, ocorrida no dia 24 de abril deste ano, a mão do interno foi quebrada.

 E com isso tudo ainda quando nós, internos, vamos conversar com ele, ele só responde falando que nós procurássemos as autoridades porque no plantão dele, quem manda é ele, e que tudo o que ele faz aqui, as autoridades responsáveis por nós já estão sabendo”, relata o detento, por escrito.

Falta de atendimento médico

Ainda conforme a carta do detento, atendimentos médicos e medicamentos não são concedidos aos detentos. No relato, o presidiário declara que muitos internos passam mal no Conjunto Penal, no entanto, os remédios são negados sob a justificativa de que não há medicamento na unidade.

“Eles falam que não tem [o remédio] e não dão. Além disso, não deixam nossos familiares comprarem e trazerem para nós”, ele informa, contanto ainda que um dos detentos chegou a passa mal. Com o atendimento médico negado, o homem chegou a morrer dentro de uma cela, contanto apenas com o apoio dos companheiros do presídio.

“Lá no conjunto penal os meninos [detentos] não tem coberta, não recebe alimentação na hora certa. O almoço está sendo servido 14h e a janta 20h, depois disso não tem nenhuma alimentação a mais. Sabonete dividem em 4 pedaços e a escova de dente não tem nem os fio mais”

Situação das visitantes

Além da dificuldade para que visitantes encontrem o horário ideal de visitação, quando conseguem realizar a visita, passam por situações consideradas pelo detento como “constrangedoras”. Ele relata que muitas visitantes precisam passar pelo sistema de Raio-X cerca de quatro vezes.

“Ainda estão tirando a roupa para serem revistadas. A pior parte disso é que os agentes querem obrigar nossas esposas a urinar e a defecar para, assim, adentrar a unidade (…) O que mais nos impressiona nisso tudo é que a direção da unidade está presenciando isso tudo e não fala nada, e assim o constrangimentos aos familiares continua”, declarou o homem.

“A opressão nesta unidade prisional já passou por cima da lei nesse nosso país”, denuncia o detento.

Precariedade

O detento também fala sobre situações de precariedade no presídio. Ele diz que no momento de limpar as celas com água e sabão, não há material para tirar a sujeira, como um rodo. Com isso, eles precisam usar o próprio pé e sandálias para tirar a água do chão das celas.

Além disso, materiais de kit higiene não estão sendo concedidos, nem permitidos de serem levados por familiares. O interno conta que há detentos que escovam os dentes com o dedo.