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'Vamos correr atrás', diz organizador da BA sobre proibição de vaquejadas

Shows e competições ocorrem no Parque Maria do Carmo (Foto: Divulgação)Competição no Parque Maria do Carmo, em Serrinha (Foto: Divulgação)
Os organizadores de vaquejadas da Bahia acreditam que a perda de postos de trabalho será o maior impacto da proibição das vaquejadas no estado. O G1 conversou nesta terça-feira (11) com promotores desses eventos e com o presidente da Associação Baiana de Vaquejadas, que contestam a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a atividade no estado do Ceará. Eles destacam que a prática se modernizou e que há cuidados para preservar a saúde de vaqueiros e animais.
Para o promotor de Justiça de Meio Ambiente do Ministério Publico Estadual, Heron Santana, a vaquejada passou a ser uma atividade ilegal desde o  momento em que o STF decidiu a sua inconstitucionalidade. Isso significa que todas as autoridades do poder judiciário e da administração têm que seguir essa decisão do STF. Portanto, segundo o promotor, a vaquejada está proibida em todo território nacional, inclusive na Bahia.
Parque Manoel Armindo, em Conceição de Jacuípe (Foto: Divulgação)Parque Manoel Armindo, em Conceição de Jacuípe
(Foto: Divulgação)
Nesta terça-feira, manifestações que defendem a continuidade da realização da atividade foram realizadas na Bahia. A vaquejada é uma tradição cultural nordestina na qual o boi é solto em uma pista e dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubá-lo. Alguns dos eventos no estado também realizam shows dentro dos parques de vaquejadas, que acontecem em um espaço diferente da pista onde os bois são levados para as competições.
"Vamos ver se temos alguma forma de reverter essa situação. Estamos à frente de uma vaquejada moderna, que não causa maus-tratos. Não gostamos de ser contra lei, vamos correr atrás para mudar a situação", disse o presidente da Associação de Vaquejadas da Bahia (ABV), Valmir Velozo.
Velozo, de 50 anos, que é veterinário e atua há cerca 26 anos em vaquejadas, conta que na Bahia, as vaquejadas criam 150 mil empregos diretos e 250 mil indiretos. Além disso, a atividade gera uma receita de R$ 250 milhões por ano. "Não é só a vaquejada. Tem leilões, venda de arreios, caminhões, tudo isso pertence ao evento", disse.
Para o presidente da ABV, o impacto da proibição vai atingir o trabalhador. "Esses funcionários não têm qualificação. Eles sabem montar um cavalo, cuidar de um animal, mas muitos só possuem o ensino médio, não serão absorvidos no mercado e vão passar fome. [A vaquejada] é algo  que fazem a vida inteira. A preocupação é de cunho social também", relatou.
Sobre os cuidados, Velozo falou que entre as medidas para evitar qualquer tipo de maus-tratos a animais, estão a areia de pista, local para alimentação, sombreamento, veterinários de plantão para boi e para cavalo
O pecuarista Manoel Armindo também falou sobre os empregos e disse que o evento que promoveria, marcado para o mês de novembro, já foi cancelado por conta da determinação do STF.
Armindo organiza a Vaquejada de Berimbau, em Conceição de Jacuípe, na região de Feira de Santana, há cerca de 15 anos. O evento era realizado no Parque Manoel Armindo e a organização esperava para o evento deste ano cerca de 12 mil pessoas. "Se a proibição permanecer, o impacto será grande. A gente vai ter que demitir 70% do pessoal, porque não tem trabalho para tanta gente", disse.
De acordo com a organização da Vaquejada de Serrinha, uma das principais da Bahia, que acontece no Parque Maria do Carmo, no município que dá o nome ao evento, a 173 km de Salvador, são 1.500 a 2 mil empregos indiretos durante quatro dias de festa. Este ano, o evento foi realizado no mês de setembro e levou 180 mil pessoas ao parque.