Antes de morrer, menino disse que não queria viajar porque apanhava do padrasto
A morte do pequeno Adrian Benjamin, de 2 anos, aconteceu em Saubara, região do Recôncavo baiano, segundo parentes do menino. O garoto estava lá desde o Natal do ano passado, após ter sido levado pela mãe para uma chácara onde o padrasto, principal suspeito do crime, trabalha como caseiro. Momentos antes de deixar Lauro de Freitas, onde morava, Benjamin se queixou das agressões do padrasto e não queria ir com a mãe.
"Apesar da pouca idade dele, Benjamin era muito esperto, desenvolvido. No dia que a mãe levou ele para Saubara, o próprio Benjamin disse que não era para deixar ele ir, que Tiago batia muito nele", contou a madrinha do menino, Renata Silva Gomes, 19. Ela disse que falou com a mãe do menino, Eulane Beatriz Santana, 19. "Mas ela disse que o filho estava mentindo, que Tiago não fazia essas coisas. Eu e o padrinho não concordamos, mas não podíamos ir contra a decisão da mãe", contou Beatriz. A família de Benjamin aponta o padrasto da criança como o autor do crime. Ele até agora não foi localizado. Segundo a avó de criação, o menino foi morto com o uso de uma pá. O tio do garoto, Uanderson Santana, 23, viu o corpo quando a mãe retornou para o Quingoma, localidade de Caji, bairro de Lauro de Freitas. "Estava na casa dela. O menino estava com o rosto desfigurado e sangramento na nuca", relatou ele, que é padrinho do menino.
Ainda no mesmo dia da ida de Benjamin a Saubara, a bisavó do menino, Maria das Dores Rosa Silva, 59, pediu para Eulane não ir. "Falei para a minha neta não ir. Disse a ela: 'Pra quê passar o Natal longe da gente, Eulane ? Num local deserto, com duas crianças? Sua família somos nós'. Mas não me ouviu. Parece que estava adivinhando que uma desgraça ia acontecer", desabafou Maria das Dores.
Decidida, Eulane foi para Saubara levando Benjamin, fruto de um relacionamento anterior, e sua filha recém-nascida, de dois meses, que teve com Tiago. A mãe do padrastro também foi junto.
Premeditado
A chácara onde Tiago é caseiro fica na Praia de Cabuçu. No local há um estábulo, onde o menino teria sido encontrado caído. O tio de Benjamin disse que o crime foi premeditado. "A mãe disse que Tiago chamou e ele para ir ver os cavalos. Benjamin era doido por cavalos. Horas depois, Tiago voltou sem o menino. Eulane perguntou e ele disse que não sabia. Ela foi procurar e encontrou o filho no chão do estábulo", contou Uanderson.
Os parentes não souberam dizer exatamente quando de fato correu a morte de Benjamin. Eles apenas reproduzem as declarações de Eulane. Eles acreditam que ela ainda não falou toda a verdade. "Ela não é direta no assunto. A gente perguntou, mas ela não fala tudo. A gente não sabe quando ele morreu, como ela trouxe ele para cá e porque não ligou para nos para pedir ajuda. Tem muita coisa sem explicação e nós queremos respostas e que a justiça seja feita", desabafou a bisavó do garoto, Maria Dolores.
Ela disse ainda que outra pessoa que pode ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu é a mãe de Tiago, que viajou junto. "Ela estava lá, ela deve saber de mais alguma coisa. Se fosse para defender o filho, ela não teria voltado com Eulane. Mas a gente não está no coração de ninguém. Antes de tudo, ela é mãe de Tiago", declarou.