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Bolsonaro diz que suposto acordo com Moraes envolvia fim do inquérito das fake news

 

Bolsonaro diz que suposto acordo com Moraes envolvia fim do inquérito das fake news
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (13) que o suposto acordo que ele afirma ter feito com Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que escrevesse nota de recuo após os atos de raiz golpista do 7 de Setembro envolvia o encerramento do inquérito das fake news e uma solução para Zé Trovão, apoiador alvo de investigações.
 

Bolsonaro e seus aliados são alvos desse inquérito, relatado por Moraes.
 

O chefe do Executivo afirmou, na semana passada, que existia essa espécie de acordo, mas o ex-presidente Michel Temer (MDB), que intermediou e acompanhou a conversa, nega. Procurado, Moraes não comentou as declarações do presidente.
 

"Eu assinei a carta. Eu me descapitalizei politicamente. Levei pancada para caramba em troca de um cumprimento do outro lado da linha, coisa simples, até sobre esse inquérito que não tinha cabimento", disse Bolsonaro a jornalistas em frente ao Palácio do Planalto.
 

Questionado se o suposto acordo envolveria o inquérito de fake news, que tem como alvo aliados do presidente, ele confirmou.
 

"Envolvia sim. Um ou dois meses e ia botar um ponto final. Lamentavelmente do outro lado não veio nada."
 

Em seguida, Bolsonaro disse também ter conversado com Moraes sobre o caminhoneiro bolsonarista Zé Trovão. O apoiador chegou a ser preso, mas em fevereiro deste ano Moraes revogou a preventiva, mantendo o uso da tornozeleira eletrônica.
 

"Até tratamos sobre o [Zé] Trovão. Tínhamos o risco do Trovão voltar para cá [ele estava foragido], ser preso e o Brasil parar. Como vamos tratar o caso do Trovão. Foi discutido ali. 'Eu vou tratar dessa maneira.' E nada foi cumprido, nada, zero", disse Bolsonaro.
 

A prisão de Zé Trovão foi decretada por Moraes quatro dias antes do feriado de 7 de Setembro, após o ministro analisar informações, incluindo vídeos divulgados nas redes sociais, sobre a participação dele na mobilização pró-Bolsonaro para a data.
 

Foi a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) que o caminhoneiro passou a ser alvo da investigação sobre os atos antidemocráticos do Dia da Independência.
 

Esta é a primeira vez que Bolsonaro detalha o que estaria neste suposto acordo feito com o ministro do Supremo.
 

Em nota divulgada na semana passada, o ex-presidente Michel Temer negou. "As conversas se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia. Não houve condicionantes e nem deveria haver pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro", disse.
 

A carta a que Bolsonaro diz ter levado "pancada" por ter assinado foi a nota divulgada dois dias depois dos atos de raiz golpista, em que ele exortou descumprimento de decisão judicial e chamou Moraes de "canalha".
 

No texto, redigido com ajuda de Temer (antecessor de Bolsonaro e responsável pela indicação de Moraes ao STF), o chefe do Executivo dizia nunca ter tido "nenhuma intenção de agredir quaisquer Poderes".
 

A nota surpreendeu por ter um tom bem diferente do que ele vinha adotando nos últimos meses.
 

"Não vou te falar [o que foi combinado]. A carta está pública, nós combinamos ali outras questões pra exatamente diminuir a pressão sobre essa perseguição que ele faz até hoje em cima de pessoas que me apoiam", disse, na semana passada.