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Rejeição: entenda por que o 'não' a candidatos pode variar tanto entre pesquisas




 Ninguém gosta de ser rejeitado, muito menos um candidato a presidente. Em época de eleições, o termo rejeição aparece bastante e é um sinal de alerta para campanhas: quanto maior a rejeição, obviamente, menor a chance de sucesso eleitoral. Segundo especialistas, é muito difícil que alguém rejeitado por mais de 45% do eleitorado consiga ser eleito. Mas, apesar de ser tão presente nos resultados de pesquisas eleitorais, empresas de pesquisa chegam a esse número de formas diferentes e, portanto, apresentam resultados divergentes.Em linhas gerais, representantes das empresas apontam que existem duas formas de chegar ao que é chamado de rejeição: por meio de uma lista ou individualmente. Cada uma é apresentada ao eleitor de forma diferente e, portanto, não chegam aos mesmos números.

— Existem vantagens e desvantagens em cada um: são indicadores diferentes e que tentam mensurar um fenômeno importante, que é a rejeição — afirma Felipe Nunes, da Quaest.

Institutos como o Datafolha, por exemplo, costumam utilizar o primeiro modelo. Nesse caso, cada entrevistado é questionado em quem não votaria de jeito nenhum dentre uma lista de candidatos. O resultado final costuma chegar a um ranking de rejeição. É como uma pesquisa estimulada invertida: em vez de ser questionado em quem votaria, o eleitor é questionado em quem não votaria.

No último levantamento feito pelo instituto, por exemplo, Jair Bolsonaro tinha 55% de rejeição, Lula tinha 35% e Ciro Gomes, 24%. O número total supera 100% porque é comum que o mesmo entrevistado rejeite mais de um candidato e essa opção está sempre disponível.No último levantamento feito pelo instituto, por exemplo, Jair Bolsonaro tinha 55% de rejeição, Lula tinha 35% e Ciro Gomes, 24%. O número total supera 100% porque é comum que o mesmo entrevistado rejeite mais de um candidato e essa opção está sempre disponível.

Outros institutos, como a Quaest e o Ipespe, contudo, adotam uma estratégia diferente. Nesses questionários, o entrevistado precisa responder individualmente sobre cada candidato. No caso da Quaest, por exemplo, 59% dizem conhecer Bolsonaro e não votariam nele, enquanto 26% afirmam que conhecem e votariam, e 11% indicaram que conhecem e poderiam votar. Apenas 2% responderam que não conhecem o presidente. Esses números formam o que especialistas chamam de “patrimônio eleitoral” de cada candidato.— No primeiro caso, em lista, o que se levanta é o candidato mais rejeitado. É uma rejeição comparativa entre os que estão naquela lista. No segundo caso, o entrevistado está sendo perguntado individualmente, sendo levado a fazer uma avaliação individual e que reflete o capital político que aquela pessoa construiu durante sua carreira — explica.

A diferença pode ser observada historicamente. Em pesquisas Ibope, realizadas nas últimas eleições presidenciais, as duas questões eram feitas aos entrevistados. Em julho de 2006, quando questionados por lista, por exemplo, 19% diziam que rejeitavam o candidato o então tucano Geraldo Alckmin. Mas quando a pergunta era feita individualmente, 33% afirmavam que não votariam no então tucano de jeito nenhum.