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Ao contrário do que diz Bolsonaro, pessoas com fome pedem pão em padaria no Rio



 Felipe, Hilton e Ricardo. Nesta sexta-feira, o trio de moradores de rua estava na porta de uma padaria, no Centro do Rio, pedindo pão e se alimentando do lixo descartado pelo comércio, justamente o contrário do que afirmou o presidente Jair Bolsonaro, que em entrevistas, mais cedo, ao programa Pânico, da Jovem Pan, e ao Ironberg Podcast, colocou em dúvida os dados recentes ao dizer que "não existe fome para valer no Brasil".

— Essa senadora [Simone Tebet] aí, falou besteira aqui. Gente passa mal? Sim, passa mal no Brasil. Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô. Até no interior. Tem gente que passa mal? Tem gente que passa mal, sim. Mas quem porventura está na linha da pobreza, passando fome, sim, deve ter gente que passa fome, e só — afirmou o presidente durante a entrevista ao Pânico.Mas não é o que se vê em uma rápida passada pelo Centro do Rio de Janeiro. Pouco após o presidente da República ter dito as frases, o morador de rua Felipe Rodrigues, de 40 anos, se alimentava do lixo em frente à padaria onde marca ponto na Rua do Riachuelo. Todos os dias, pela manhã, ele vai ao local pedir pão para se alimentar, e como ele mesmo diz, depois sai à caça do almoço e do jantar, sem saber se irá conseguir se alimentar.

— Peço pão aqui na padaria todo dia de manhã. Todo dia de manhã venho aqui no gerente e peço. Todas as vezes eu consigo e daqui para a frente até a hora do almoço eu vo caçando cada vez mais. Teste de sobrevivência é esse — afirmou Felipe, que também já passou mal nas ruas por não ter o que comer e respondeu à fala de Bolsonaro.

— Isso é uma injustiça. Se nós não pedir (sic), nós morre (sic) de fome, porque é isso aí que tu tá vendo — completou, apontando para o lixo.