Ifood é acusado de fraudar documento para não pagar entregador baleado em Salvador
O iFood teria adulterado um documento do processo de Yuri de Jesus Monteiro, 24, entregador que teria sido baleado enquanto trabalhava com a empresa, em Salvador. É o que denuncia Vitor Filgueiras, professor de Economia na Ufba e coordenador do projeto Caminhos do Trabalho.
De acordo com Filgueiras, a empresa recusa-se a ter obrigações trabalhistas com o entregador. Para tentar driblar a Justiça, que não só reconheceu o vínculo de trabalho como já determinou que a empresa deve pagar o valor de um salário para Yuri até que ele consiga o auxílio-acidente, uma nova planilha foi inserida no processo.
Em vídeo divulgado nesta segunda-feira (8), Filgueiras mostra uma planilha usada pelo iFood para tentar indicar, na contestação da última determinação feita pela Justiça, que Yuri não estava trabalhando no momento em que foi atingido pelo tiro.
A última decisão antecipou a tutela, o que significa que o iFood tem que pagar o valor determinado a Yuri enquanto o processo corre. A empresa recorreu da antecipação e perdeu no tribunal. Ainda no âmbito da ação, a empresa apresentou a contestação -- na qual o documento foi inserido.
A planilha aponta que a entrega realizada quando o entregador foi baleado havia sido cancelada. “A última entrega se deu às 19h48 e o Reclamante só veio a ser vitimado às 22h36, ao que tudo indica este não faria jus ao pagamento do prêmio da seguradora”, argumenta a o iFood.
O próprio aplicativo da empresa, porém, mostra o contrário. A plataforma confirma que a entrega foi realizada e marcada como entregue às 20h26, minutos antes de Yuri ser baleado.
“A nossa equipe tem que se manifestar e, na análise, descobriu essas pérolas. É muito surpreendente porque os documentos estão nos processos. O que fala do horário, tanto do acidente quanto da entrega, é da própria empresa. Então é uma coisa tosca. Ou criaram ou adulteraram essa planilha para dizer que ele não estava trabalhando”, declarou Filgueiras ao Metro1.
O documento foi analisado pelo projeto Caminhos do Trabalho, coordenado por Filgueiras. Uma parceria da UFBA com o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MP-BA), ele auxilia gratuitamente trabalhadores para dar atendimento médico e assessoria jurídica.