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TRANSFERÊNCIAS DE ARMAS DOS EUA PARA ISRAEL SÃO MANTIDAS EM SEGREDO



UM MÊS APÓS o ataque surpresa do Hamas, pouco se sabe sobre as armas que os Estados Unidos forneceram a Israel. Ao passo que o governo de Joe Biden divulgou uma lista de itens com três páginas descrevendo as armas fornecidas à Ucrânia, incluindo o número exato de munições, as informações divulgadas sobre as armas enviadas a Israel caberiam em uma única frase.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, reconheceu o sigilo em uma coletiva em 23 de outubro, declarando que, embora o país ofereça assistência de segurança “quase diariamente” a Israel, “estamos tomando cuidado para não quantificar ou dar muitos detalhes sobre o que estão recebendo – atendendo aos próprios objetivos de segurança operacional deles, claro”.

O argumento de que a transparência colocaria em risco a segurança operacional de Israel – uma preocupação que, por algum motivo, não vale para a Ucrânia – é enganoso, segundo especialistas disseram ao Intercept.

 “A ideia de que oferecer mais informações poderia de alguma forma prejudicar a segurança operacional de Israel é uma desculpa para ocultar os esforços de reduzir as informações sobre os tipos de armas que estão sendo fornecidas a Israel e como estão sendo usadas”, disse ao Intercept William Hartung, pesquisador do Instituto Quincy de Política Responsável e especialista em venda de armas. “A falta intencional de transparência sobre as armas que os EUA estão enviando a Israel ‘diariamente’ está ligada à política mais ampla do governo de minimizar até que ponto Israel usa essas armas para cometer crimes de guerra e matar civis em Gaza”.

Um general aposentado da Marinha americana, que trabalhou na região e solicitou anonimato por não ter autorização de seu antigo empregador para prestar declarações públicas, atribui o sigilo à sensibilidade política do conflito. Segundo o oficial da reserva, o governo não quer dar publicidade às armas usadas por Israel na guerra urbana de porta a porta, que têm grandes chances de resultar em baixas civis. 

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA não atendeu aos pedidos de comentários.

Nos últimos anos, rompantes de violência entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza resultaram frequentemente em guerras aéreas travadas por Israel, com um número restrito de soldados israelenses adentrando o enclave costeiro sitiado. A última incursão terrestre de larga escala das Forças de Defesa de Israel em Gaza foi durante a operação israelense Margem Protetora, em 2014

Embora na invasão de 2014 as tropas israelenses tenham permanecido em Gaza por menos de um mês, o ministro da Defesa de Israel disse recentemente aos jornalistas que a guerra levaria vários meses, pelo menos. É esperado que o objetivo de remover o Hamas do poder completamente exija um compromisso significativo com a permanência de longo prazo no local e intensos combates urbanos. Segundo a revista New Yorker, oficiais israelenses teriam dito a seus colegas americanos que a guerra poderia durar 10 anos. O governo Biden estaria supostamente preocupado que os objetivos militares israelenses não sejam viáveis.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou à rede americana ABC News que “Israel terá, por um período indeterminado, responsabilidade geral de segurança, porque já vimos o que acontece quando não a temos”.